domingo, 26 de outubro de 2014

Sobre o recuar 7 dias no tempo


Lembro-me bem, das manhãs de fim-de-semana quando era pequena. Mesmo que com muito sono ou preguiça lá me levantava bem cedo, só para ver os desenhos animados que passavam na tv. Era com muito custo, afinal eram os dois dias que tínhamos para dormir mais um bocadinho, mas a vontade de ver a bonecada toda era tanta, que já só pensava na Minnie, no Mickey e nos seus amigos, no Popey comendo espinafres, no Tom e no Jerry que não paravam de fazer malandrices, e por aí fora.

Hoje em dias os putos tem tudo facilitado. Agora até podem parar a emissão em directo só porque querem ir fazer um chichi; podem recuar no tempo e assim nunca perdem os novos episódios; podem deixar de ver os comerciais que passam para “ puxar para a frente que isso é uma seca”; podem gravar… enfim um mundo de possibilidades.

Mas será que estas crianças serão homens e mulheres mais felizes? Então e as lições que tirávamos disto tudo, que quando queremos uma coisa temos de fazer sacrifícios; que não dá para estar em dois sítios ao mesmo tempo, ou se dorme ou vê-se televisão; “ cadê” a adrenalina de correr para o televisor porque é agora que vai começar após 30 minutos de reclames e mais reclames? E a paciência gente? Estes putos não podem ver publicidade na televisão que parece que vão ter um ataque. Não sabem, nem aprendem a esperar, a ser paciente, a inventar jogos com a prima, a cantarolar as músicas das publicidades só para o tempo passar mais rápido. A aprender que mesmo que não gostemos, há coisas que não podemos mudar, e por isso tentar sempre ver o copo meio cheio, em vez de meio vazio.

 São coisas que nos marcam.

E eu penso, não sou contra de forma alguma à evolução dos tempos, mas na verdade há muitas coisas que se perdem, valores que não são apreendidos porque tudo é facilitado e porque há uma linha que separa isto, daquilo..

Ainda não digo “ no meu tempo” mas para lá caminho…


By Angela

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